sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Malcolm X, 40 anos depois

Como muitos eu descobri Malcolm X durante a minha adolescência. Estava me tornando cada vez mais consciente das dimensões globais do poder e da opressão, e por isso procurei nos heróis e heroínas do passado e do presente uma fonte de inspiração, motivação e conhecimento.

Após as revoltas em Handsworth, distrito de Birmingham, os ensinamentos de Malcolm X encontraram adeptos entre garotos e garotas que formavam uma segunda geração de imigrantes que diariamente enfrentavam o racismo.

Mas naquele tempo meu conhecimento de Malcolm e o significado de sua vida e sua trajetória era limitadas a algumas citações de impacto, que eu gostava citar. Foi bem mais tarde que descobri o Malcolm X “real”. Para mim o significado de Malcolm X é a necessidade de ser verdadeiramente parte da luta pelos direitos dos oprimidos.

Ele abraçou a mudança e novos conhecimentos, e isso é evidente em seu movimento de distanciamento do nacionalismo negro para uma agenda mais ampla, que relacionava os oprimidos através da luta e da prática.

Malcolm X continua a ser uma inspiração, uma referência importante e significativa. Na sua vida, na sua jornada de lutas, nos seus ensinamentos e crenças estão presentes mensagens importantes da nossa história, para o nosso futuro.

Do nacionalismo negro ao anticapitalismo

Malcolm X ficou famoso quando, em 1959, foi entrevistado num programa de TV. Perguntado a respeito de alguns modestos desafios legais ao racismo, ele respondeu: “Quando alguém enfia 9 polegadas de sua faca nas minhas costas, e depois tira 6 polegadas, não me fez nenhum favor. Em primeiro lugar, ele não deveria ter me esfaqueado”. Por causa disso, ele foi chamado de racista ao contrário.

Ele fez parte da Nação do Islã, que se recusava a participar do crescente movimento anti-racista. A Nação atacava o movimento por direitos civis particularmente por trabalhar junto com anti-racistas brancos. Em uma cena do excelente filme de Spike Lee uma estudante branca lhe pergunta o que poderia fazer para combater o racismo. Ele responde: Você não pode fazer nada”. Mais tarde diria ser esse um dos maiores erros de sua vida.

As divergências com a Nação foram crescendo, até que em março de 1964 ele saiu. Viajou durante 11 meses no Oriente Médio e na África. Nesse período ele se afastou do nacionalismo negro e radicalizou suas opiniões políticas. Malcolm X não se tornou um socialista, mas era um revolucionário.
Passou a ver a importância de unir negros e brancos, embora achasse isso uma tarefa difícil. O primeiro passo, dizia, era construir uma organização negra militante. O movimento contra a Guerra do Vietnã e os levantes dos guetos no final dos anos 60 mostraram a possibilidade de unir brancos e negros e também de organizações revolucionárias que incluíssem ambos. Ninguém pode dizer como as idéias de Malcolm X teriam desenvolvido, caso tivesse presenciado esses fatos. Mas sabemos que para ele não havia lugar para a ideia de uma elite iluminada” que pudesse reformar o capitalismo. : “É impossível que uma galinha ponha ovos de pato.

Ela só pode produzir de acordo com o que esse sistema particular foi designado a produzir. O sistema deste país não pode produzir liberdade para os afro-americanos. É impossível para este sistema, este sistema econômico, político e social.

Portanto, é preciso combater o sistema - por todos os meios necessários.

Frases de Malcolm X

Quando Malcolm X morreu, a classe dominante norte-americana respirou aliviada. Ele era uma das vozes mais eloqüentes e críticas do racismo e do imperialismo norte-americano. O editorial de New York Times dizia:

Sua convicção impiedosa e fanática na violência não só o distanciou dos líderes responsáveis do movimento por direitos civis, mas também o marcou pela notoriedade e por um fim violento. Ontem veio alguém escuridão que ele próprio criou e o matou.

Malcolm X conseguia, com seus discursos, expressar os sentimentos de todos os excluídos. Abaixo algumas frases que sintetizam seu pensamento:

Se reagimos ao racismo branco com violência, isso não é racismo negro. Se você chega e põe uma corda no meu pescoço, e eu enforcar você por isso, isso para mim não é racismo. Seu é o racismo, mas a minha reação não tem nada a ver com racismo.

Estamos vivendo uma era de revoluções, e a revolta do negro americano é parte dessa rebelião.

Estamos presenciando uma luta global dos oprimidos contra os opressores, dos explorados contra os exploradores.

Mostre-me um capitalista e eu lhe mostrarei um sanguessuga. Você não pode ter um capitalismo sem racismo.

- Pravda.ru