quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Significado Mundial da Revolução de Outubro

Esse é um trecho de um artigo de J. Stálin sobre "A revolução de Outubro e a questão nacional" por se tratar de um texto muito grande escolhi a sua terceira parte para publicar aqui no VàE os que desejarem ler o texto completo é só seguir o linkin do Arquivo Marxista.








Tendo vencido no centro da Rússia e penetrado numa série de regiões periféricas, a Revolução de Outubro não podia permanecer entre os limites territoriais da Rússia. Na atmosfera da guerra imperialista mundial e do descontentamento geral das camadas inferiores, ela não podia senão difundir-se nos países vizinhos. O rompimento com o imperialismo e a libertação da Rússia da guerra de rapina; a publicação dos acordos secretos e a solene renúncia à política de conquista dos territórios estrangeiros; a proclamação da liberdade nacional e o reconhecimento da independência da Finlândia; a proclamação da Rússia como "Federação das Repúblicas Nacionais Soviéticas" e o apelo lançado pelo Poder Soviético ao mundo por uma luta decidida contra o imperialismo, tudo isso não podia deixar de exercer uma notável influência sobre o Oriente subjugado e o Ocidente ensangüentado.

Efetivamente, a Revolução de Outubro foi a primeira revolução no mundo que rompeu a secular letargia das massas trabalhadoras dos povos oprimidos do Oriente, impelindo-as à luta contra o imperialismo mundial. A formação dos soviets dos operários e dos camponeses na Pérsia, na China e na Índia sob o modelo dos da Rússia é prova bastante convincente.

A Revolução de Outubro é a primeira revolução no mundo que serviu de vivo exemplo de salvação aos operários e soldados do Ocidente, mostrando-lhes o caminho da efetiva libertação do jugo da guerra e do imperialismo. A insurreição dos operários e dos soldados na Áustria-Hungria e na Alemanha, a formação dos conselhos dos deputados operários e soldados, a luta revolucionária contra a opressão nacional levada a efeito pelos povos, privados de plenos direitos, da Áustria-Hungria, provam-no de maneira bastante evidente.

Não tem nenhuma importância o fato de que a luta no Oriente e também no Ocidente ainda não se tenha conseguido libertar de algumas características burguesas nacionalísticas, pois o fato é que a luta contra o imperialismo iniciou-se, continua e necessariamente atingirá sua conclusão lógica.

A intervenção estrangeira e a política de ocupação dos imperialistas "estrangeiros" não fazem senão aguçar a crise revolucionária, incitando à luta novos povos e ampliando a esfera das lutas revolucionárias contra o imperialismo.

Assim, a Revolução de Outubro, estabelecendo a ligação entre os povos do Oriente atrasado e os do Ocidente adiantado, atira esses povos no campo comum da luta contra o imperialismo.

Assim, a questão nacional, de questão particular da luta contra a opressão nacional, desenvolve-se até se tornar a questão geral da libertação das nações, das colônias e das semicolônias, do imperialismo.

O pecado mortal da II Internacional e de seu chefe, Kautsky, consiste, entre outras coisas, no fato de que escorregaram sempre na concepção burguesa do problema da autodeterminação nacional e, não compreendendo o seu significado revolucionário, não souberam ou não quiseram colocar a questão nacional no terreno revolucionário da luta aberta contra o imperialismo, não souberam ou não quiseram ver a ligação que existe entre o problema nacional e o da libertação das colônias.

A obtusidade dos social-democratas austríacos do tipo de Bauer e de Renner consiste substancialmente no fato de que não compreenderam a união indissolúvel da questão nacional com a questão do Poder e tentaram separar a questão nacional da política, relegando-a ao âmbito dos problemas culturais, esquecendo a existência de "bagatelas" como o imperialismo e as colônias a ele subordinadas.

Dizem que os princípios da autodeterminação e da "defesa da pátria" foram anulados pelo curso dos acontecimentos, pela marcha da revolução socialista. Na verdade não se anularam os princípios da autodeterminação e da "defesa da pátria", mas foram anuladas suas interpretações burguesas. Basta considerar as regiões ocupadas que gemem sob a opressão do imperialismo e desejam a libertação, basta considerar a Rússia, que conduz uma guerra revolucionária pela defesa da pátria socialista e contra os saqueadores do imperialismo; basta refletir sobre os acontecimentos que anualmente se verificam na Áustria-Hungria; basta considerar as colônias e semi-colônias subjugadas que já organizaram soviets (Índia, Pérsia, China), basta considerar tudo isso para compreender plenamente o valor revolucionário do princípio de autodeterminação na interpretação que lhe dá o socialismo.

O grande significado mundial da Revolução de Outubro consiste principalmente no fato de que ela:

1.°) — ampliou os limites da questão nacional, transformando-a de questão particular da luta contra a opressão nacional na Europa em questão geral da libertação dos povos das colônias e das semicolônias, oprimidos pelo imperialismo;

2.°) —abriu amplas possibilidades e caminhos eficazes para atingir essa libertação, tornando consideravelmente mais fácil aos povos oprimidos do Ocidente e do Oriente sua libertação, conduzindo-os pela estrada geral da luta vitoriosa contra o imperialismo;

3.°) —por esse mesmo motivo lançou uma ponte entre o Ocidente socialista e o Oriente oprimido, constituindo uma nova frente da revolução, que através da revolução russa une os proletários do Ocidente aos povos oprimidos do Oriente contrao imperialismo mundial.

É exatamente assim que se explica o indescritível entusiasmo com que hoje se voltam para o proletariado da Rússia as massas trabalhadoras exploradas do Oriente e do Ocidente.

Desse modo, sobretudo, explica-se o furor com que atualmente investem contra a Rússia Soviética os saqueadores imperialistas de todo o mundo.

Assinado: J. Stálin.